HISTÓRIAS DA NOSSA GENTE
A força do SUS: relato de paciente mostra o valor da saúde pública no Brasil

DE CASTILHO (SP) POR RONI PAPARAZZI – Alvo constante de críticas, desconfianças e comparações, o Sistema Único de Saúde (SUS) segue sendo defendido com firmeza por especialistas, profissionais e milhões de usuários que reconhecem nele uma das maiores conquistas sociais da história do Brasil. Criado pela Constituição de 1988, o SUS garante atendimento universal, integral e gratuito, assegurando a todos os brasileiros — independentemente de renda, classe social ou local onde vivem — o direito fundamental à saúde.
Para seus defensores, o SUS não é apenas um sistema de atendimento: é um instrumento de justiça social, responsável por reduzir desigualdades e oferecer desde cuidados básicos da atenção primária até procedimentos de alta complexidade, como transplantes, cirurgias ortopédicas avançadas e tratamentos oncológicos. É também o pilar das campanhas de vacinação e da vigilância epidemiológica que protegem o país há décadas.
Entre as histórias que simbolizam essa importância está a do engenheiro e esportista Allan Gomes de Moraes, de 64 anos, praticante de judô e adepto de uma vida ativa. Durante a pandemia, Allan descobriu uma coxartrose grave no quadril, que encurtou uma das pernas em mais de cinco centímetros — tornando-o Pessoa Com Deficiência (PCD). Em consequência da doença, ele também desenvolveu uma hiperplasia prostática benigna e passou a ser diabético e dependente de insulina.
“Primeiro veio a negação”, relembra. “Foi difícil aceitar que eu precisaria reduzir minhas atividades e passar por uma cirurgia complexa. Hoje sou uma pessoa feliz por ter encontrado um sistema de saúde eficiente. Estou ansioso pela prótese de quadril e para voltar a treinar.”
👨⚕️ Do AME à UTI: o cuidado em cada etapa
Allan conta que, ao chegar ao Ambulatório Médico de Especialidades (AME), imaginou que enfrentaria longas horas de espera ao ver o saguão lotado. Mas se surpreendeu:
“Ao meio-dia eu já havia sido atendido por quatro especialistas, sempre guiado com atenção pelos funcionários.”
No fim de 2023, uma crise grave o levou à UTI da Santa Casa, onde ficou por cinco dias. Sua creatinina chegou a 10 — quando o normal varia entre 0,6 e 1,3.
“Admirei, pela segunda vez, a qualidade do SUS. As equipes se revezavam com empatia, cuidado e humanidade. Eu agradecia o tempo todo e sentia as orações chegando até mim.”
Ele afirma ter recebido o mesmo padrão de cuidado nas UBSs, na UPA, na Santa Casa e no AME. Reconhece que existem falhas, mas que não representam o sistema como um todo.
“Às vezes o atendimento varia, é verdade. Mas são casos pontuais. Não justificam a aversão extrema que algumas pessoas têm pela saúde pública”, explica.
💙 Um patrimônio que precisa ser fortalecido
Histórias como a de Allan se repetem pelo país e ajudam a explicar por que pesquisas apontam altos índices de satisfação em áreas como atenção básica, vacinação e saúde da família. Pacientes que dependem de tratamentos contínuos — como hemodiálise e quimioterapia — também relatam acolhimento e dedicação dos profissionais.
Para Allan, o SUS precisa de melhorias, mas segue sendo indispensável:
“O SUS é essencial. Merece mais investimentos, boa gestão e valorização dos trabalhadores.”
Entre elogios e críticas, uma verdade permanece: o SUS é um patrimônio do povo brasileiro, símbolo de equidade, solidariedade e compromisso com a vida.