REGIÃO
Livros de colorir voltam com força como alternativa terapêutica contra o estresse digital

Estudo mostra que hobby antigo ajuda a reduzir ansiedade e promove desconexão saudável das redes sociais
Em meio ao excesso de estímulos digitais, notificações constantes e a rotina acelerada das redes sociais, um hábito simples e antigo tem ganhado força como ferramenta terapêutica: os livros de colorir.
Diferente da moda de uma década atrás, que focava em mandalas e jardins, a nova tendência são livros com cenas de animais humanizados, em atividades do cotidiano, que conquistaram espaço como forma de desacelerar a mente e aliviar o estresse. A informação é do Roni Paparazzi e Foto: Agência SP.
📚 Conexão com o papel, desconexão das telas
Segundo o professor Sérgio Kodato, do Departamento de Psicologia da USP de Ribeirão Preto, “atividades de colorir podem ajudar na redução do estresse e da ansiedade porque promovem um estado de relaxamento semelhante ao da meditação. O foco se desloca para a tarefa e alivia a mente das preocupações imediatas”.
A explicação faz ainda mais sentido diante da experiência de Giovanna Ravanelli Fidelis, estudante que adotou o hobby há cerca de seis meses após conhecer a prática… justamente no TikTok.
“Minha for you ficou cheia de vídeos de pessoas pintando, e como eu sempre gostei disso desde criança, resolvi tentar. Hoje é o momento mais meu do dia, onde eu realmente me reconecto comigo mesma”, conta Giovanna.
Ela diz que, desde que começou a pintar, sentiu melhora no humor, na disposição e na qualidade de vida. “É uma terapia. Parece simples, mas faz diferença até no corpo. Me sinto mais leve.”
📱 Menos tempo online, mais bem-estar
A ironia é que a solução para o vício digital veio da própria rede social. Mas Giovanna garante que hoje faz questão de se manter longe das telas quando pode.
“Chego do trabalho e da faculdade e me desconecto. Pinto, leio, fico com a família e com meus gatos. As redes não conseguem comprar esse tempo.”
O professor Kodato alerta: “O excesso de telas pode aumentar a ansiedade, gerar fadiga mental e, em casos extremos, até comportamentos violentos ou autoviolentos. Atividades como colorir, caminhar, escrever ou jardinagem podem oferecer escapes criativos e saudáveis”.
🧠 Mais do que passatempo, uma prática terapêutica
Além do uso doméstico, os livros de colorir têm sido incorporados em consultórios e sessões de arteterapia como ferramenta auxiliar no tratamento de ansiedade, depressão e estresse, já que o uso de cores promove expressão emocional e sensação de bem-estar.
Pesquisas citadas por Kodato apontam que colorir reduz o nível de cortisol — hormônio relacionado ao estresse —, o que reforça o potencial dessa prática como instrumento de saúde mental.
📌 No mundo onde tudo é conectado, parar e pintar pode ser um ato de resistência. Uma pausa colorida em meio ao cinza da rotina digital.