REGIÃO
Pesquisadores da Unesp desenvolvem “bombinha” inalável contra a tuberculose com investimento de R$ 14 milhões

Projeto inédito aposta em nanotecnologia para transformar o tratamento de uma das doenças infecciosas que mais matam no mundo
ARARAQUARA (SP) – Um dispositivo semelhante a uma bombinha de asma pode revolucionar o tratamento da tuberculose no Brasil. A proposta é liderada por pesquisadores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da Unesp, em Araraquara, e acaba de receber um investimento de R$ 14 milhões da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), com apoio do Sistema Único de Saúde (SUS). A informação é do Roni Paparazzi e Foto: Agência SP.
O objetivo do projeto, batizado de INOVA TB, é desenvolver, nos próximos três anos, um medicamento inalável mais eficaz, que possa substituir a atual terapia oral — considerada longa, pesada e de baixa adesão. Hoje, pacientes precisam ingerir até 12 comprimidos por dia, por períodos que variam entre 6 meses e até 2 anos.
“Há pelo menos duas décadas não há avanços relevantes no tratamento da tuberculose. Nosso projeto busca mudar isso, com uma abordagem mais eficiente, confortável e acessível para os pacientes”, explica o professor Fernando Rogério Pavan, coordenador do projeto.
💡 Inovação que respira saúde
A nova tecnologia combina nanopartículas feitas de substâncias naturais dos próprios pulmões com um sistema inalador de micropartículas. O remédio inalado atinge diretamente os pulmões, onde a bactéria causadora da tuberculose se instala, protegida por estruturas chamadas granulomas.
A solução foi pensada para atingir essas áreas de difícil acesso com mais precisão e menos efeitos colaterais, dispensando a ingestão de múltiplos comprimidos diários.
“É uma forma de levar o medicamento direto ao foco da infecção, com menos dose e maior eficácia”, explica a professora Andréia Bagliotti Meneguin, também integrante da equipe da FCF.
📈 Impacto científico e social
A ideia foi selecionada entre mais de 200 propostas no edital “Mais Inovação Brasil Saúde – ICT” e ficou em 9º lugar nacional. Além da inovação tecnológica, o projeto terá impacto direto na formação de pesquisadores, com bolsas de iniciação científica, mestrado, doutorado e pós-doutorado.
A equipe também prevê a aquisição de equipamentos de ponta, como um tomógrafo de alta resolução para pequenos animais, que beneficiará toda a comunidade acadêmica.
O professor Lucas Amaral Machado ressalta que o uso de excipientes naturais também representa um avanço no quesito segurança, reduzindo riscos de reações adversas.
🚀 Futuro promissor
O projeto está em fase inicial, com foco em estudos laboratoriais e testes pré-clínicos em animais. Os ensaios em humanos ainda dependerão dos resultados obtidos nas próximas etapas.
Apesar disso, os pesquisadores da FCF veem um futuro promissor: a tecnologia poderá ser aplicada também no combate a doenças respiratórias crônicas, como asma, pneumonias, Covid-19 e outras.
“Mesmo que o produto leve tempo para chegar ao SUS, o impacto científico, formativo e estrutural será imediato. Estamos diante de uma possível solução nacional, acessível e de grande relevância para a saúde pública brasileira”, conclui o professor Leonardo Miziara Barboza Ferreira.
📢 A tuberculose ainda mata — mas o futuro pode estar na ponta de uma respiração.