POLICIAL
Promotor Lincoln Gakiya critica acordo de 2006 salve geral entre governo de SP e PCC e anuncia livro sobre a facção

O promotor de Justiça Lincoln Gakiya, de Presidente Prudente, um dos maiores nomes do país no combate ao crime organizado, fez duras críticas ao acordo firmado pelo governo do Estado de São Paulo em 2006, durante a série de ataques e rebeliões coordenadas pelo Primeiro Comando da Capital (PCC).
O Roni Paparazzi acompanhou pelo youtube entrevista concedida nesta semana ao programa Roda Viva, da TV Cultura, Gakiya classificou a decisão como um ato de fraqueza do Estado. Na época, diante de atentados contra policiais, ônibus e de rebeliões em mais de 70 presídios simultâneos, representantes do governo chegaram a dialogar com Marcola, líder máximo da facção, na tentativa de cessar os ataques.
Para o promotor, esse episódio foi determinante para a consolidação do PCC como maior organização criminosa da América do Sul. “Foi um pacto silencioso, uma capitulação do Estado, que deu fôlego e poder à facção. Hoje, lidamos com um grupo que atua com métodos terroristas, responsável por milhares de mortes e pela expansão internacional do crime”, afirmou.
Conhecido por seu perfil de linha dura, Gakiya já coordenou operações do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) que causaram grandes prejuízos à facção. Por conta da sua atuação, vive sob forte esquema de escolta das forças de segurança, medida necessária diante das constantes ameaças que sofre.
Durante a entrevista, o promotor anunciou que está escrevendo um livro sobre a evolução do PCC, no qual pretende detalhar os bastidores do crescimento da facção ao longo das últimas décadas, as falhas do Estado e os desafios atuais no combate ao crime organizado.
“Esse livro é também um alerta: enquanto não houver enfrentamento firme e coordenado, o crime continuará avançando”, reforçou Gakiya.